A Academia Piauiense de Letras promoveu, na manhã deste sábado (31), mais uma edição do Assembleia Acadêmica: Oficineiro Literário, iniciativa que reúne membros da instituição em torno da reflexão e do debate sobre temas relevantes da cultura e da literatura. O encontro aconteceu às 10h e teve como expositor o professor e acadêmico Carlos Evandro Eulálio, atual coordenador da Comissão de Literatura da Casa de Lucídio Freitas.
Nesta edição, o tema abordado foi o ensaio “O Neorregionalismo no romance Tombador, de Fontes Ibiapina”, de autoria do próprio acadêmico Carlos Evandro, que desenvolveu uma instigante análise crítica acerca da presença do neorregionalismo literário na referida obra.
Ao longo de sua fala, o acadêmico apresentou uma contextualização das duas principais correntes que ainda orientam a produção do romance brasileiro — da tradição romântica à contemporaneidade —, destacando, em seguida, a relevância estética, documental e histórica do romance Tombador. Segundo ele, a obra de Fontes Ibiapina se estrutura dentro dos parâmetros do chamado “romance de 30”, dialogando diretamente com suas características formais e temáticas, como o engajamento social e a representação dos marginalizados.
“O escritor Fontes Ibiapina é, a meu ver, um dos grandes consolidadores da prosa regionalista do Piauí. Sua obra Tombador não apenas revisita o ado com rigor narrativo, como o atualiza com densidade ética e literária. Ele inscreve o sertão piauiense no mapa do romance nacional com singular autoridade”, afirmou Carlos Evandro, destacando ainda a importância do livro como documento histórico que resgata acontecimentos marcantes da segunda metade do século XIX, como a participação do sertanejo piauiense na Guerra do Paraguai e a condição do negro escravizado no Estado.
Na presidência da mesa, representando a diretoria da APL, esteve o acadêmico Elmar Carvalho, que substituiu o vice-presidente Fonseca Neto. Ao final do encontro, os acadêmicos presentes enalteceram a qualidade do ensaio e a pertinência do tema, que reafirma a missão da Academia de valorizar a memória, a crítica e o estudo aprofundado da literatura produzida no Piauí.
O Oficineiro Literário segue como espaço fecundo de partilha entre os membros da APL, promovendo o diálogo entre tradição e atualidade nos campos da literatura, da história e da cultura intelectual piauiense.